Encontro/Convívio dos Alunos da 4.ª Classe 1961/62 com o seu Prof. José M. Torrão, E.B.1 do Picão, Pedorido, Castelo de Paiva

Associaram-se à iniciativa outros ex-alunos do Ensino Primário, bem como da Escola da Empresa Carbonífera do Douro e muitos Amigos que o professor fez e deixou na região, cujo número ultrapassou as seis dezenas de pessoas. De salientar, o apoio e a colaboração na organização do evento e a sua honrosa presença dos Presidente e Vice-Presidente da Câmara M. Castelo Paiva, do Presidente da Junta Local, do Pároco da Freguesia, da Directora do Agrupamento de Escolas do Couto Mineiro do Pejão, da ex-Coordenadora e do Coordenador da EB1 do Picão.
……“Recriação das Aulas do Professor” …!
(….Com narração de José Maria Moreira de Costa, interpretou o papel de professor, Manuel Rodrigues e os restantes colegas o de alunos do seu tempo….)
…. Na sala da escola velhinha, já sem muros a separar os recreios dos rapazes e das raparigas, foram “recriadas” com imensa emoção, as aulas dadas pelo “Mestre”. (O Zé Campos surpreendeu tudo e todos com os livros, os cadernos, as lousas e os lápis de pedra, transportados na sacola de pano, usados na época, sem esquecer a gaita-de-beiços que então animava o percurso de ida e regresso da escola…)

E, não obstante a sua já “vetusta” idade, o Mestre apresentou-se ali “jovem”, vivaço, actualizado, com fresca memória, e muitas histórias recordadas e contadas, com ternura, enlevo e muito encanto.
Foi lindo, emocionante e muito belo, este “regresso” à aula dos seus tempos de “meninos”!
E, como todos passaram com distinção no “exame”, a todos foi passado e distribuído o respectivo Diploma, inclusivé ao ilustre professor, pelo “inspector” de serviço, Zé Campos.
……Descerramento de placa alusiva…

Dado que, não tinha possibilidades de participar na sessão de boas vindas, o presidente da Câmara pediu para usar da palavra, felicitando a organização pelo iniciativa, deu os parabéns pelos excelentes momentos que lhe proporcionaram com a recriação da aula com profundo significado pedagógico. E, terminou dizendo que, foi um enorme prazer ter conhecido o ilustre professor Torrão, que, pelo que tinha observado dos seus ex-alunos era perfeitamente justa e merecida a bonita festa que lhe estavam a dedicar. Por último, ofereceu ao Prof. Torrão uma lembrança alusiva.
…….Recordar com eterna saudade os colegas e amigos…

Como é óbvio, não foram esquecidos e foi-lhe prestada uma sentida homenagem com celebração da Eucaristia em sufrágio da sua Alma, seguida de romagem ao cemitério, onde foram proferidas pelo Manuel Rodrigues algumas palavras em sua memória, guardado um minuto de silêncio e deposição de ramo de flores.
…..Sessão de Boas Vindas……

“ (…) De modo especial, queria agradecer às Entidades que nos honraram com a sua presença, assim como pela preciosa colaboração que nos deram, no âmbito das competências que lhe são cometidas. Se, me fosse permitido queria registar o nosso apreço e reconhecimento pelos colegas que se deslocaram de longe e destacar o exemplo dado pelo colega António Gama, que veio de propósito de França para estar connosco neste dia.
A ideia deste encontro/convívio, partiu da mensagem deixada – nesta mesma sala - pelo professor Torrão, na sua intervenção, aquando da apresentação do livro “A Moura e o Cruzado“ ( premiado na 2.ª edição do Concurso Literário “O Meu 1.º Best-Seller”), da sua filha Cristina Torrão, a qual veio também de encontro aos nossos desejos tantas vezes manifestados entre nós.
Tudo o que estamos a fazer é justo e merecido e ainda é pouco por tudo aquilo que fez por nós, numa altura crucial e importante em que começamos a moldar a personalidade, e que nos marcou para toda a vida. Qualquer Instituição ou homem/mulher que se preze não se esquece de reconhecer e agradecer a todos aqueles que lhe prestaram valiosos serviços e contribuíram para o seu progresso e para o sucesso que tiveram na vida.
Os seus ex-alunos, os seus amigos e familiares e os pedoridenses em geral souberam estar à altura do acontecimento e disseram presente, para lhe manifestar o devido tributo, disse”.
O Presidente da Junta - Começou por saudar e dar as boas vindas a todos os presentes. Seguidamente, disse que era uma grande honra para ele receber, no Salão Nobre da Junta, conterrâneos e pessoas tão ilustres, designadamente o Prof. Torrão que, enquanto viveu em Pedorido, marcou todos aqueles que com ele conviveram. Louvou a iniciativa e manifestou a sua disponibilidade para colaborar em idênticas situações.
O Albino Soares - Em representação dos alunos do E. Primário recordou alguns episódios da sua vida, vividos em comum com professor Torrão. Teve muitos professores, alguns autênticos génios, ao longo da sua formação académica, mas o professor Torrão distinguiu-se de todos. Enalteceu o seu carácter, a sua personalidade e teceu os mais rasgados elogios ao “Professor”, ao “Educador, ao ilustre “Mestre” e Amigo que o marcou para sempre, bem como a todos aqueles que tiveram o privilégio de com ele privar.
O António Ferreira da Silva - Em nome dos alunos da escola da ECD e Amigos evidenciou o altruísmo e disponibilidade para partilhar os seus conhecimentos e ajudar os amigos, mesmo fora do horário escolar e em prejuízo do seu descanso e da sua vida privada e familiar.
A Directora do AECMP, Dra. Conceição Rodrigues - começou por agradecer o convite e louvou a iniciativa a todos os títulos notável. Seguidamente disse que, depois do que ouviu só tinha a dizer que tinha pena de não ter o privilégio de ter trabalhado com o Professor Torrão, pois, como tinha constatado, teria contribuído imenso para ela ser ainda melhor profissional.

“Como professor, na minha região, iniciei dois anos lectivos e não os terminei por obrigações militares - uma má circunstância. Em Fevereiro de 1962 regressei à vida civil e apresentei-me em Pedorido, na Escola da qual já era titular desde Março de 1961.
Foi, portanto, em Pedorido que iniciei a minha carreira de professor efectivo – outra boa circunstância. E aqui quero salientar outra ainda melhor – a turma da 4ª classe de 61/62. A estes meninos eu devo parte de um certo sucesso profissional em Pedorido. Era um grupo muito bom, dentro do qual havia 9 ou 10 excepcionais. Foram os primeiros, o ano lectivo correu bem e assim se criaram os primeiros sinais de empatia e bom relacionamento com encarregados de educação, famílias e outros bons alunos de outras turmas que entretanto foram passando pela Escola.
Depois vieram os cursos da Empresa, bem como a colaboração com a Casa do Pessoal, com o estatuto de «Amigo do Centro». Os cursos foram também uma boa «circunstância». Os alunos eram homens adultos, alguns mais velhos que eu, mas havia respeito, camaradagem, convivência, bom relacionamento e uma teia de amizades, como pano de fundo de um saudável e inesquecível ambiente humano. E o Pejão Atlético Clube? Uma circunstância difícil, mas que também considero boa. É que o problema não são as circunstâncias, mas o que nós fazemos com elas. Muitos problemas, fracos recursos financeiros, burocracias, mas também entusiasmo, calor humano, bairrismo, no fundo, há um balanço positivo. Aliás em Pedorido nada foi negativo. É por isso que eu considero esta terra como uma boa circunstância na minha vida.
De facto, afastei-me, não para muito longe, e a experiência de Pedorido não foi desaproveitada. Pelo contrário, tudo o que aqui vivi e aprendi foi sempre uma referência na minha vida profissional. Foi o primeiro passo. E a experiência deste passo deu determinação, firmeza e saber aos passos seguintes.
Para encerrar o capítulo de Pedorido, falta ainda um episódio muito importante. Regressemos então a Fevereiro de 1962. Certo dia, num sábado à tarde, resolvi ir a Castelo de Paiva, em passeio de digressão, apenas para descontrair e observar. E aqui, nesta pitoresca vila duriense, reencontrei uma jovem estudante e amiga que conhecera em Vila Real. Um relacionamento que, naquele tempo, parecera efémero e acidental, torna-se definitivo, passa a projecto de vida e, em 6 de Setembro de 1964, deu mesmo em casamento. Mais uma boa circunstância. A Maria Margarida ( Gari, em família ) diplomou-se, já depois de casados, pela Escola do Magistério Primário do Porto. E exerceu funções docentes na Póvoa, Raiva e Pedorido.
Para este episódio ficar completo, falta acrescentar que em 1965 nasceu a minha filha Cristina e em 1966 o meu filho Fernando. A ligação a Pedorido ficou reforçada. Aqui iniciei, e bem, a vida profissional e aqui constituí família. Nunca poderei esquecer a terra que tão bem me acolheu e que me proporcionou um casamento feliz. Tudo fruto de circunstâncias…, mas felizmente bem aproveitadas
Ainda a propósito de circunstâncias. Estávamos em 1970. Começámos a pensar nas condições de educação dos filhos. Eu próprio tinha projectos dificilmente realizáveis em Pedorido. Pensámos muito e decidimos mudar de vida. Em Setembro de 1970 rumámos a Vila Nova de Gaia e Pedorido começou a fazer parte do meu passado. Mas ainda hoje guardo na minha memória um precioso legado afectivo, cultural e humano que me permite olhar para trás e, tal como um célebre poeta hebreu, exclamar: «É formosa a herança que me tocou».

…….Jantar/Convívio…..

No final, todos se congratularam com o reconhecido êxito do evento - que ultrapassou todas expectativas mais optimistas para gáudio dos participantes -, reivindicando a organização de nova edição, aprazada para o primeiro sábado de Julho de 2012.
Antes de terminar há a registar que, os ex-alunos António Gonçalves e José Moreira da Silva fizeram questão de oferecer ao professor: uma salva e uma réplica das vagonetas, usadas no transporte de carvão nas Minas do Pejão, respectivamente.
Manuel Sousa
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