
A Fábrica de Calçado Glovar propôs acordos de rescisão de contratos aos seus trabalhadores, conforme anunciado na comunicação social. Os acordos propostos, para além de serem realizados num ambiente de pressão intensa sobre os trabalhadores, configuram perdas de direitos inaceitáveis.O Bloco de Esquerda há muito que denunciou o mau desempenho financeiro do grupo Aerosoles, detentor da Glovar, chamando a atenção do município e do governo para que procedessem à elaboração de um plano que permitisse a manutenção dos postos de trabalho e o saneamento financeiro do grupo.O executivo municipal paivense, com o autismo que o caracteriza, ignorou os alertas que o Bloco de Esquerda realizou, esperando que os problemas desaparecessem por algum passe mágico. Infelizmente, os problemas não saíram da porta dos trabalhadores da Glovar e alastraram-se a outra empresa do concelho, a ILPE Ibérica.O BE considera que este caso demonstra, com clareza, a forma laxista e irresponsável como o concelho de Castelo de Paiva é gerido. Paulo Teixeira, que há muito havia sido alertado para a situação, apenas ontem disse que ia tentar reunir com o Governo e com o Grupo Aerosoles.O poder político reinante em Castelo de Paiva encontra-se mergulhado em questões menores, estando resumido à luta do poder, pelo poder, esquecendo-se dos problemas dos paivenses. Só assim se percebe que nem executivo municipal, nem oposição com assento nas reuniões de câmara, tenham tido preocupações para com os trabalhadores da Glovar e da ILPE Ibérica atempadamente.Contudo, não é só o poder político paivense que demonstra não estar à altura para a resolução dos problemas. O próprio Governo de José Sócrates demonstra não ter um plano sério de combate à crise económica, bem como ser incapaz de traçar caminhos para salvar postos de trabalho. Só assim se compreende que, após os alertas existentes no mês passado, a injecção de capital existente não permita a manutenção dos postos de trabalho.O Bloco de Esquerda considera irresponsável esta política de gestão de dinheiros públicos, assim como a manutenção de estratégias erradas na reestruturação das empresas. A conclusão que tiramos destas práticas é que o modelo neoliberal que levou à crise económica e financeira não foi ainda não foi alvo de crítica pelo Governo de José Sócrates e este continua a levá-lo à prática.O Bloco de Esquerda lembra que o grupo Roland Berger, escolhido para realizar o plano de reestruturação da empresa, é conhecido pela sua matriz neoliberal, tendo deixado um rasto de desemprego nas reestruturações que propõe, muitas das vezes sem os resultados anunciados.O Bloco de Esquerda apela a acções concretas e sérias para minimização da grave crise social que se avizinha no nosso concelho, bem como para a defesa dos postos de trabalho existentes