COM ABERTURA DOS XXXIII JOGOS
DESPORTIVOS
MAU TEMPO CONDICIONOU
COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL EM CASTELO DE PAIVA
Banda de Fornos
festejou 110 anos de actividade
Concertos com fanfarras e bandas
musicais, sessão solene da Assembleia Municipal, abertura do Jogos
Desportivos e o habitual Desfile das Colectividades locais,
foram as principais iniciativas que marcaram este ano, os festejos do 25 de
Abril em Castelo de Paiva, organizados pela autarquia local, apesar de
condicionados pele mau tempo que se fez sentir nos últimos dias.
A Câmara Municipal de
Castelo de Paiva gizou um programa das comemorações do 45º
Aniversário do 25 de Abril, agendando diversas actividades para o
feriado nacional que, como é habitual, voltou a integrar as cerimónias de
abertura dos Jogos Desportivos, que este ano
contabilizam a sua 33º edição, registando-se a presença de milhares
de pessoas nas actividades que se desenrolaram na zona central da vila.
No dia do feriado do 25
de Abril, o programa contemplou, no espaço do Salão Nobre da Câmara
Municipal, uma sessão solene evocativa da Assembleia Municipal, orientada
para os 45 anos do 25 de Abril, que este ano foi associada à importância
da comunicação social em Castelo de Paiva, onde para além das
intervenções políticas, registaram-se vários momentos musicais interpretados
por alunos da Academia de Musica de Castelo de Paiva.
No ciclo de intervenções, para
além do presidente da Câmara Municipal, Gonçalo Rocha e da
representante da Assembleia Municipal, Carla Freitas, respectivamente,
usaram da palavraFátima Strech, em nome do Partido
Socialista, e Tiago Rocha, em nome do PSD, assim comoSérgio
Afonso, em nome do jornal TVS, e Emanuel Damas, em
representação da Cooperativa Nova Paivense FM.
Na sua prelecção,
falando em nome da Assembleia Municipal, Carla Freitas
lembrou os tempos de um regime político autoritário, autocrata e corporativista, onde nada podia ser dito, pensado
ou reflectido, e onde se vivia sob a alçada de um poder bolorento e tirano,
recordando depois, o papel das rádios no arranque da Revolução de Abril e
dos jornalistas que, durante 41 anos, foram “malabaristas” das palavras, onde
com uma linguagem metafórica, eufemística até, tentaram emitir e transmitir
notícias, histórias e realidades que chegassem com verdade aos seus leitores e
ouvintes. Por vezes, com sucesso, maioritariamente censurados, mas sem
desistirem do seu objectivo, que seria informar com verdade, daí poder dizer
que, tiveram ao longo da ditadura, um papel fulcral na informação e abertura de
mentalidades.
A deputada municipal sublinhou
que, “ com o 25 de Abril chegou a hora de libertar os presos políticos, de
soltar amarras, de ser livres em toda a ascensão da palavra. Livres de pensar,
de agir, de votar, de eleger e sermos eleitos, de decidir, de recusar e de nós
mulheres, enquanto frutos de Abril, todas nós que estamos aqui, sermos
realmente mulheres livres, com opinião e poder decisório na vida pública “.
E lembrando que um Povo que
não lê, um povo que desconhece a verdade e a realidade, ou é iletrado ou será
sempre um povo escravo, Carla Freitas referiu que a liberdade de
expressão também se fez notar em Castelo de Paiva. Com grupos de jovens
reivindicativos, informados e corajosos que tinham a luta nos olhos e nas mãos.
Criaram juntos a imprensa escrita. O Jornal Miradouro manteve-se, mas como jornais
locais nasceu o Chafariz, o Terras do Paiva e o Tal Jornal, onde as notícias
eram ditas livremente nos cafés, nas tavernas e nos barbeiros. Até no Largo do
Conde, onde já poderia haver” ajuntamentos”, discussões de ideias, ideais e
valores, concluindo que, hoje juntos, novos e velhos, antes e pós
Abril de 1974, com a plena consciência e com a certeza absoluta que valeu a
pena, que um Povo de alma grande, também se quer culto, interessado, informado
e, essencialmente, livre.
No momento de realçar a comemoração
do 25 de Abril, o presidente da edilidade, Gonçalo
Rocha puxou pela memória colectiva e destacou que o 25 de Abril está
associado à conquista da liberdade e à coragem dos que, durante 48 anos de
fascismo, não desistiram de lutar, não se acomodaram e perceberam que a
escuridão não é eterna, assim o queiram e façam os povos.
Orgulhoso por esta efeméride ser
sempre festejada em Castelo de Paiva com grande entusiasmo e dignidade,
privilegiando este ano a importância da comunicação social no concelho,
destacando o Jornal TVS e o seu fundador Manuel Afonso
da Silva, assim com a Radio Paivense FM, evidenciou a
necessidade de transmitir aos mais novos os valores e os ideais de Abril, o
conceito de liberdade, o direito de voto e de expressão de convicções e
pensamentos, a evolução da sociedade portuguesa, a importância da vivencia
democrática e a vontade de continuar a lutar para mudar e agir, procurando-se
sempre, afirmar o país pela positiva e enaltecendo também a terra que
orgulhosamente se representa.
Na sua intervenção na Sessão
Solene, o presidente da CM de Castelo de Paiva falou nas
conquistas de Abril e na esperança de uma vida melhor, na génese de um Poder
Local democrata, autónomo e representativo da população, assumido como motor de
progresso e modernização do país, onde as autarquias são o baluarte da gestão
pública, um grande activo do progresso nacional, símbolos de coesão do
território, caminhos de proximidade, liderando o processo de transformação
infra-estrutural do país, sem comprometer o futuro das novas gerações.
O autarca recordou a
importância de continuar a lutar contra as adversidades, procurando sempre
erguer os valores da justiça, da igualdade e da solidariedade, evocando os
grandes valores e desígnios da acção politica em Castelo de Paiva, como rigor
na gestão municipal, boas contas, competência, humildade, inovação e
valorização das pessoas.
Em representação da radio local
falou o jornalista Emanuel Damas, referindo a honra doconvite do
convite recebido para participar nesta sessão da Assembleia Municipal, “ neste
dia baluarte do Portugal moderno que a todos os democratas convoca na busca,
empenhada, de uma sociedade livre, justa e solidária, onde se enaltece o 25 de
Abril como ponto final no sequestro de um Povo e se festeja como o dia inteiro,
claro e limpo, o princípio do parágrafo que tudo inaugura, sábio e avisado como
qualquer dos mais velhos, estável e firme enquanto adulto embora irreverente,
forte e determinado como só os jovens são “.
Para o jornalista da Paivense
FM, “ a comunicação social não é uma entidade vã, desprovida de
responsabilidade. Uma das suas mais nobres funções é evitar que quem não
convive com a oposição exercida com acuidade e respeito pelas regras do jogo
democrático, seja incapaz de a amordaçar. O combate pela democracia é exigente,
continuo, tem de ser um desígnio “, insistindo depois, que vivemos “ tempos
absolutamente desafiantes em matéria de comunicação “, sublinhando o fácil
acesso à internet, a capacidade tecnológica dos smartphones, a
proliferação de redes sociais permitiram uma avassaladora comunicação que tem
aberto debates intensos e cujas conclusões ainda parecem distantes. Aconteceram
nos Estados Unidos da América, e no Brasil, eleições condicionadas pela
orquestrada intoxicação de notícias falsas disseminadas através das redes
sociais que, também na Europa, tiveram quota-parte de sucesso, por exemplo, no
resultado do referendo que determinou o Brexit “ .
“ A Rádio que preconizo, a Rádio que defendi
no passado e que vejo como de futuro, e esta é uma opinião pessoal e a que mais
ninguém vincula, é uma estrutura que concentre um significativo número de
forças vivas que permita que todos contribuam na prossecução dos seus fins “
sublinhou na sua intervenção Emanuel Damas, defendendo um órgão de
comunicação social totalmente Paivense, aberto à região, claro, mas que defenda
os superiores interesses do Município, conforme os estatutos que alicerçaram a
primeira Cooperativa composta por onze indivíduos dos quais, António Henrique
Freitas, António José Nunes, Joaquim Vieira e José Alberto Caetano ainda se
mantém no activo, para depois concluir que, “
com imaginação, alguma arte,
convergindo recursos públicos e privados, seria esse um modelo de órgão de
informação que, acredito, perduraria como mecanismo de controlo democrático
apurado revestindo de excepcional ferramenta promocional de Castelo de Paiva,
sem deixar de ser companhia diária ainda mais profícua, até para quem está
emigrado “.
Já Sérgio Afonso, em
representação do Jornal TVS, manifestou-se agradado por esta
oportunidade de ver o seu pai Manuel Afonso da Silva homenageado
no concelho que o acolheu, referindo que, “ costuma-se dizer que as homenagens
devem ser feitas em vida, mas, esteja onde estiver neste momento, tenho a
certeza que o meu pai está muito contente porque, embora não nascesse em
Castelo de Paiva nem cá tivesse raízes familiares, veio para cá ainda jovem,
desenvolveu aqui a sua atividade profissional, fez aqui os melhores amigos,
passou aqui a maior parte da sua vida e fez questão que os filhos nascessem
aqui. O engrandecimento e progresso de Castelo de Paiva foi uma das suas
maiores preocupações e acho que conseguiu fazer algo de positivo por este
concelho “.
O jornalista agradeceu esta
homenagem em nome da família e dos profissionais da Gráfica Paivense e do
jornal TVS ao Município de Castelo de Paiva, essencialmente ao presidente
Gonçalo Rocha, pessoa que seu pai muito estimava, lamentando que ele tivesse
partido sem presenciar a sua eleição, mas deixando vincada a satisfação e
alegria de constatar que, “ Castelo de Paiva não se esqueceu do meu pai, 13
anos depois do seu desaparecimento, isso é motivo de orgulho e satisfação para
todos nós".
Apesar do mau tempo, a tarde foi
preenchida pelo habitual desfile das associações desportivas e culturais do
concelho e exibição da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Castelo de
Paiva, concretizando-se a abertura dos XXXIII Jogos
Desportivos, uma iniciativa municipal que se prolonga até ao final de Setembro e
movimenta centenas de atletas de todas as freguesias do concelho, sendo que, o
programa das comemorações contemplou também uma largada de pombos e outras
actividades.
Toda esta envolvência e este
dinamismo cultural associativo, tal como disse na abertura o presidente da
CM, Gonçalo Rocha, é uma força representativa das colectividades
que, com sucesso e orgulho, marcam presença e continuam a valorizar e a
prestigiar o concelho e esta iniciativa anualmente desenvolvida pela edilidade
paivense.
A jornada comemorativa do 25
de Abril encerrou com um concerto musical, com a presença da Banda
Marcial de Fornos, sob a regência de David Silva, no espaço
do Auditório Municipal, e um jantar de confraternização
evocativo do 110º aniversário da popular filarmónica paivense, numa
participação que sempre desperta natural entusiasmo e expectativa nos
aficionados, dignificando as comemorações deste Dia da Liberdade em
Castelo de Paiva.
Carlos Oliveira
Sem comentários:
Enviar um comentário