Um acontecimento histórico único e imperdível…

18ª Viagem Medieval em Terras de Santa Maria arranca amanhã Realçando reinado de “ D. Sancho II – Um Rei Ausente “

A Viagem Medieval em Terras de Santa Maria é o maior evento de recriação histórica medieval do País. Todos os anos, durante dez dias consecutivos, no centro histórico da cidade de Santa Maria da Feira, na zona de envolvência do magnifico castelo, o evento já vai na 18 ª edição e atrai diariamente cerca de 50 mil visitantes.

Com características únicas no país, este projecto cultural diferencia-se pelo rigor histórico, dimensão (espacial e temporal) e envolvimento da população e associativismo local, reforçando uma vasta equipa de mais de mil pessoas activas em diversas áreas, muitas delas em regime de voluntariado.

Centrada na recriação de episódios e acontecimentos que marcaram a história local e nacional da Idade Média, a Viagem Medieval em Terras de Santa Maria começou por realizar-se no Castelo, mas rapidamente se expandiu para todo o centro histórico e zona envolvente, ocupando actualmente uma área de33 hectares, tendo a iniciativa sido recentemente distinguida com uma menção honrosa na terceira edição dos Prémios Turismo de Portugal, na categoria de "Animação".

O contexto histórico orientado para a edição de 2014 aborda o reinado de D. Sancho II que, com apenas treze anos, teve de assumir  a pesada tarefa de governar um reino interdito e em perfeita desordem social. Daí os primeiros actos governativos terem sido dedicados ao apaziguamento de conflitos sociais anteriores, fazendo acordos com suas tias, Teresa e Sancha, e com o arcebispo de Braga, Estêvão Soares da Silva.

Mas, no decorrer do reinado, os agravos e confrontos que opõem ricos - homens, membros da igreja e rei tornam-se quase permanentes. A Santa Sé vai repreendendo o rei, exigindo que respeite os direitos e privilégios da Igreja e este, por sua vez, vai parecendo submeter-se, mas  as queixas contra o monarca continuam, mudando apenas os atores.

Considerado por alguns, digno continuador de seu bisavô Afonso Henriques, incentivando à Cruzada contra os infiéis em terras de Além Tejo e Algarve, o mesmo não se dirá do seu governo, com a situação a agravar-se na década de quarenta: um casamento com Mécia Lopes de Haro contestado por todos, um reino em perfeita anarquia e as intrigas de seu irmão Afonso junto do Papa foram motivos determinantes para que, no Concílio de Lyon, seja decidida a deposição de D. Sancho II, no governo e administração do reino, nomeando para o efeito o irmão, Afonso de Bolonha, como governador e regedor do reino.

Este mandado papal provoca reacções adversas e desencadeia uma guerra civil, fustigada por inúmeras traições de nobres e alcaides. Em socorro de D. Sancho II virá o Infante Afonso, de Castela, futuro Afonso X, que consegue travar o adversário, mas el-rei reconhece que a sua derrota está próxima e decide exilar-se para o reino vizinho. E assim, com o Rei deposto, sem governo, amigo e esposo atraiçoado, será em Janeiro de 1248, na presença de muito poucos, que D. Sancho II fará o seu último testamento, falecendo quase um mês depois, na cidade de Toledo.

UM EVENTO ÚNICO E IMPERDIVEL QUE NOS FAZ SONHAR E REVIVER A HISTÓRIA

O espaço do Castelo de Santa Maria da Feira, importante estrutura defensiva medieval, os jardins e o centro da cidade são novamente palco da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, este ano a decorrer entre 31 de Julho e 10 de Agosto, numa edição que promete bater todos os recordes e que apresenta uma estrutura organizativa grandiosa.

São onze dias de intensa actividade e recriações, 55 entidades participantes, 1400 perfomances de animação circulantes, 312 espectáculos, 135 horas de animação contínua, 31 áreas temáticas, mais de 930 intervenientes nas jornadas de animação e mais de 2 mil pessoas diariamente a dar o melhor protagonizando o sucesso de uma iniciativa cada vez mais conhecida e prestigiada e que sendo uma referência, é já o orgulho do município local e, no seu género de Feira Medieval, o evento mais importante do país.

Para além de todas as actividades e recriações, o espaço conta com restaurantes e tasquinhas, onde o menu também é uma viagem ao passado. O pão e o vinho constituíam a base da alimentação do homem medieval. O pão de trigo era frequente na mesa dos mais ricos e o pão de mistura na mesa dos mais pobres. As carnes mais consumidas seriam as de porco, vaca, ovelha, cabra, carneiro e cordeiro, que estariam sujeitas às mais variadas técnicas de conservação. O coelho, a galinha e o capão, para além dos ovos e outras espécies provenientes da caça, eram também muito consumidos. O peixe associado aos dias de jejum era consumido fresco ou molhado – a parecer fresco –, salgado ou fumado. Com a fruta faziam-se refeições ligeiras ou aproveitava-se para fazer uma refeição entre o jantar e a ceia, que era acompanhada de vinho.

 Toda a cidade e a população de Santa Maria da Feira já vibra com esta 18ª edição da maior feira medieval do país. Em 2014, a temática histórica desenvolve-se em torno de D. Sancho II, Um Rei Ausente. Recriações históricas, mercados, restaurantes, ceias medievais, workshops, oficinas, actividades para todas as idades e muita musica e animação circulante em todos os dias do evento fazem desta uma viagem no tempo a não perder. 

Este ano, pela primeira vez, uma pulseira de cortiça natural dá acesso ao recinto da 18ª Viagem Medieval em Terra de Santa Maria. Produzida com matéria-prima de corticeiras do concelho, e o fecho de segurança é personalizado com a Cruz dos Pereira, ícone do evento, gravado nas duas faces. Esta pulseira custa 5 euros e funciona como bilhete geral de entrada no recinto, para os dez dias da Feira Medieval, mas a organização também tem disponível um bilhete de entrada diário que custa 2 euros, durante a semana, e 3 euros ao fim de semana.

Atreve-te, este é um desafio que não deves perder, uma oportunidade única de conhecer a grandeza da nossa vivência de outrora, retratada num acontecimento histórico ímpar e memorável por terras de Santa Maria da Feira…

Reportagem de Carlos Oliveira