quinta-feira, 8 de abril de 2010

Manutenção assegurada num jogo para esquecer


Jogo no Campo de Jogos Isidro Amaral Semblano, em Nespereira ( Cinfães )

ÁRBITRO: Nuno Vaz, auxiliado por David Cardoso e David Augusto

Ao Intervalo: 1-0

Marcadores : Sérgio Duarte ( 30 minutos ), Meireles ( 56m ) e Bispo ( 63m )

Acção Disciplinar : Amarelos para Pedro Cardoso, Tó e Cabaças, Vermelhos para Carlitos, Jorge Ramalho e Pedro Cardoso, assim como para Bispo e Ricardo

NESPEREIRA FC :
Jorge Ramalho ( Ricardo Semblano )
Pedro Cardoso, Vilarinho, Nuno Cardozo e Ruizito;
Sérgio Duarte ( Victor Hugo ) Diogo e Toninho ( Miguel Vieira )
Pepe, Sérgio Silva e Carlitos
Treinador : André Pinho

VOUZELENSE :
Marco ( Tó )
Paiva, Porteiro, Ricardo e Luis Miguel;
Neves, Bispo e Meireles;
Cabaças ( Simão ) Tavares e Vitória ( Marlon )
Treinador : Prof. Tiago Ferreira

Quando tudo se decidia no último jogo do campeonato, o Nespereira FC acabou por claudicar frente à aguerrida formação do Vouzelense, perdendo em casa por 1-2 e ficando dependente do resultado do Vila Maior que, perdendo por 4-1, acabou por beneficiar a turma cinfanense que, mesmo derrotada no seu reduto, acabou por confirmar a manutenção na 1º Divisão Distrital de Viseu.
Este foi, sem dúvida, um jogo para esquecer….por vários motivos!
Depois da excelente exibição no “ derby” de Fornelos, nada fazia prever que a formação orientada por André Pinho estivesse nesta partida tão apática, muito abaixo das suas possibilidades e não demonstrasse a dinâmica de vitória que se exigia neste jogo decisivo, que despertava expectativas.
A verdade é que, contra um adversário visivelmente mais forte e com uma estrutura mais organizada, o Nespereira até entrou melhor no jogo e deu a entender que queria resolver as coisas por iniciativa própria, sem necessitar da ajuda de terceiros, obrigando a equipa contrária a recuar no seu reduto e a reforçar a linha defensiva, dominando a primeira metade com uma estratégia embora simples, mas que resultou eficaz.
E foi num perigoso contra-ataque que, aos 30 minutos, Sérgio Duarte abriu o activo para a formação de Nespereira, num golo de belo efeito e pleno de oportunidade, fazendo crer que o entusiasmo da equipa cinfanense potenciava uma atitude vencedora e bem encaminhada para festejar a manutenção num ambiente caseiro, de alegria partilhada com adeptos e massa associativa, até porque, já antes, os nespereirenses reclamaram um penalty justo, por derrube de Toninho bem dentro da área visitante.
Mas logo a seguir, aos 37 m, uma paragem forçada do jogo, por lesão do guarda-redes visitante, que viria a ser substituído, alterou o rumo dos acontecimentos e a equipa forasteira parece que ganhou mais garra e vontade de dar a volta ao resultado.
E o empate chegou depois do intervalo, aos 56 minutos, por intermédio de Meireles, que num remate bem colocado bateu o guardião Jorge Ramalho, bastante infeliz na recepção do esférico, para pouco tempo depois, ser desfeita a igualdade, num oportuno golpe de cabeça de Bispo a aproveitar bem um cruzamento para o miolo da área nespereirense, desta vez isento de qualquer culpa o guardião local.
Como lhe competia, o Nespereira tentou reagir de imediato, mas o reduto defensivo dos visitantes estava coeso e bem estruturado e as maiores situações de perigo iam sendo anulados logo á entrada da área, o que deixava perceber que a equipa de Vouzela ia defender a vantagem com naturalidade, procurando depois, o avanço no terrenos dos homens da casa, para explorar o contra ataque.
Só que, aos 77 minutos a história do jogo ficou manchada por um caso vergonhoso, que originou a violência e agressões entre os jogadores de ambas as equipas, com cenas de pugilato e pancadaria no meio do campo, com os poucos efectivos da GNR presentes a mostrarem-se impotentes para segurar o ímpeto agressivo dos atletas e de alguns assistentes que, entretanto, também se quiseram juntar à contenda, entrando pelo recinto de jogo.
Talvez, motivado por algumas picardias anteriores, Carlitos deixou um adversário estatelado no chão e o árbitro de imediato mostrou-lhe o caminho do balneário com um vermelho directo, decisão que o avançado nespereirense não aceitou bem e, numa atitude reprovável e inqualificável, correu a “ despejar “ a sua revolta para o atleta vouzelense deitado no solo, pontapeando várias vezes, sem lhe dar hipótese de defesa.
Uma atitude lamentável que estragou definitivamente o jogo, com os atletas a envolverem-se em agressões, com dirigentes a tentar acalmar os ânimos e a GNR a tentar impedir a invasão do campo e a proteger a equipa de arbitragem que, mesmo assim, ainda, conseguiu identificar e expulsar alguns jogadores de ambas as equipas, intervenientes na contenda, ficando a partida interrompida mais de um quarto de hora.
Depois de se mostrar tentado a não prosseguir a partida, alegando falta de condições de segurança, o trio de arbitragem acabou por aceder ás “ negociações “ com os delegados ao jogo e dirigentes de ambas as partidas e o jogo acabou por ser reatado 15 minutos mais tarde, com o Nespereira com oito e a equipa de Vouzela com apenas nove jogadores em campo.
O tempo restante, nada trouxe de novo a uma jornada que poderia ter terminado em harmonia e saudável convivência desportiva, até porque, sendo o resultado do Vila Maior desfavorável, o Nespereira FC mesmo derrotado em casa, acabou por assegurar a manutenção, e seria bem escusado passar por esta vergonhosa situação que, certamente, em termos de acção disciplinar, lhe vai trazer alguns dissabores.
Apesar do reforço da GNR, que entretanto chegou, o final da partida decorreu sem incidentes, mau grado a possível apresentação de queixas registadas à força de segurança, por alguns envolvidos na agressões que marcaram negativamente um jogo, que tinha tudo para ser uma festa em final de época.
O treinador nespereirense André Pinho era, visivelmente, um homem triste e desiludido, pelo que nem sequer valia a pena ouvir a opinião do técnico que, tudo fez, para que a equipa de Nespereira pudesse sair prestigiada e de cabeça levantada no final do campeonato.
Texto e Fotos : Carlos Oliveira

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