terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Com palestra, teatro e actividades musicais
CASTELO DE PAIVA DEU INÍCIO ÀS COMEMORAÇÕES DOS 500 ANOS DO FORAL
Gonçalo Rocha reforça o empenhamento na defesa da coesão do território municipal
 
A Câmara Municipal de Castelo de Paiva deu início, no passado sábado, ao ciclo de iniciativas que até 1 de Dezembro de 2013 vão assinalar os 500 anos da outorga do Foral que definiu a organização administrativa da " Terra de Paiva ", devolvendo à Casa de Bragança terras antes anexadas pela Coroa Portuguesa. Uma maravilhosa página da nossa história, conforme fez questão de evidenciar o presidente Gonçalo Rocha, enaltecendo o júbilo de prestigiar uma terra sublime, local único de encontro com a natureza, entre os rios e a serra, onde habita gente orgulhosa do seu passado e disposta a continuar a afirmar-se no futuro.

A “defesa intransigente” da existência das nove freguesias do município de Castelo de Paiva foi sublinhada, como determinação estratégica, por Gonçalo Rocha na abertura do ano de comemorações dos 500 anos da atribuição, por D. Manuel I, do Foral à “Terra de Payva”, sublinhando que a “identidade” paivense vem de longe, prometendo não desarmar na luta contra a reorganização administrativa.
Na oportunidade do feriado de 1 de Dezembro, as comemorações dos 500 anos do Foral à Terra do Paiva, começaram com uma iniciativa de grande alcance cultural que juntou, no mesmo evento, actividades culturais, musicais e uma sessão de abertura com a intervenção do edil local e do conhecido prof. e historiador da Universidade do Porto, Manuel Rocha, como orador convidado, que contou com uma actuação do Quinteto de Metais da Academia de Musica de Castelo de Paiva.
"Terra do Paiva" era então a designação toponímica adoptada no documento de 19 folhas que, manuscritas em pergaminho, estipularam pela primeira vez os "direitos e deveres" do território constituído por propriedades do Clero, da Nobreza e do próprio Monarca, integrando as áreas que hoje correspondem a Fornos, Sobrado, Oliveira Reguengo (actualmente um lugar da freguesia de Sardoura), a própria Sardoura, S. Pedro, Real, Pedorido e Espiunca ( que agora faz parte do concelho de Arouca).
Referindo que o foral original está à guarda da Torre do Tombo, o edil local, Gonçalo Rocha, destacou a importância das comemorações e referiu que uma das principais iniciativas do extenso programa de comemorações será precisamente "a edição comentada de uma réplica do documento".
" É importante preservar a memória histórica do concelho ", defendeu na sua intervenção o autarca paivense, que realçou que " recuperar informação sobre o primeiro documento oficial com referência a Castelo de Paiva é uma forma de perceber como é que nasceu o primeiro modelo de organização administrativa da nossa terra e conhecer melhor as origens da região".
O autarca entende que estas comemorações são a elevação máxima da vibração de um povo que vive e abraça a sua terra, de forma única, na coesão das nove freguesias do concelho e na vastíssima e contagiante comunidade de emigrantes paivenses, espalhados pelo mundo fora, reafirmando a vontade e o propósito de envolver na celebração desta efeméride, todas as forças vivas do concelho, como instituições, IPSS, associações culturais, recreativas e desportivas, movimentos e instituições religiosas, empresários e comerciantes, procurando valorizar ainda mais o orgulho de ser paivense.
Ao citar Martim de Bulhões e Martinho Montenegro Vasconcelos Bulhões, como duas incontornáveis figuras da história e da memória de Castelo de Paiva, o presidente Gonçalo Rocha aproveitou a relevância deste acto solene, para homenagear os homens e mulheres de todas as condições sociais que ajudaram a fundar o concelho e, ao longo da sua história secular, desbravaram terras, romperam caminhos, navegaram os rios, exploraram o subsolo e ergueram, pedra a pedra, o património que hoje se desfruta, homens e mulheres que nos legaram valores, que criaram e transmitiram saber, que souberam ultrapassar dificuldades com unidade e determinação e que foram exemplos de esperança e dignidade humana, na construção da comunidade paivense que somos hoje.
Reiterando a identidade do concelho, estruturada no forte empenhamento de manter a hegemonia e coesão do território municipal, como espaço único de um povo que, ao longo de décadas, soube honradamente afirmar-se pela positiva, enfrentando as
amarguras da interioridade, Gonçalo Rocha não deixou de publicamente, evidenciar a contestação contra o modelo de reorganização administrativa que o Governo quer impor, destacando a particularidade de cada uma das nove freguesias do concelho, as suas dinâmicas ajustadas ao longo dos tempos, para dar respostas às necessidades da população, pelo que, na sua opinião, não se retira desta proposta de Lei qualquer vantagem ou melhoria, quando aplicada à realidade administrativa, territorial e sócio-económica do concelho. 
“ O Foral iniciou a construção sustentada da nossa identidade ”, vincou o autarca socialista, na sessão solene que abriu as celebrações, e de imediato, tratou de salientar que o Executivo Municipal não dará tréguas na batalha contra a reorganização administrativa territorial autárquica, também conhecida por “lei das freguesias”.
“ O Foral de Paiva, território e identidade “, foi o tema da palestra proferida pelo historiador Manuel Rocha, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que elogiou a acção da edilidade paivense em promover as cerimonias comemorativas desta efeméride da outorga do Foral, no seu entender uma excelente oportunidade para fortalecer laços de amizade e consolidar a coesão de um povo e de uma região.
Nesta primeira abordagem ao Foral e à dependência da Coroa, o historiador referiu-se aos Forais Novos, e ao Foral que na década de quarenta desapareceu da Câmara Municipal, existindo contudo, uma cópia no arquivo nacional da Torre do Tombo, falando depois dos marcos da história mundial ( Portugal e as conquistas no Mundo ), do território de Paiva ( toponímia, Honra da Raiva, barca de passagem, a importância dos rios Douro e Paiva no foral, assim como as manifestações artísticas de relevo para a época, como a pintura do quadro da Nossa Senhora de Assunção, exposto na Igreja de Sardoura, e concluindo com uma ligeira apreciação aos principais locais históricos do concelho.
Ao final da tarde realizou-se um Concerto comemorativo na Academia de Musica no Auditório Municipal, seguindo-se ás 21 horas, no espaço do Largo do Conde, um espectáculo de teatro de rua com o Grupo Strapafourd, que desenvolveu a “ performance “  “ O percurso e a entrega do Foral “.
Pela noite dentro, já no salão da Junta de Freguesia da Raiva, a jornada comemorativa encerrou com um espectáculo musical com a participação do grupo “ The Dixies Boys “, que estiveram em bom nível e não deixaram de contagiar os entusiastas da musica rock, com o melhor do seu reportório.
GIRP/Carlos Oliveira

 

 

 

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