Requalificação do Largo da Feira gera revolta

População de Nespereira ameaça destruir

“contentor” das “ Casas de Banho “ da vila

· autarquia iniciou no dia da Feira Franca trabalhos para resolver o problema

Terminadas que foram, há largos meses, as obras de requalificação do Largo da Feira, na vila de Nespereira, em Cinfães, a polémica em torno dos “ WC Públicos “ continua na ordem do dia e a população, farta de manifestar o seu desacordo e descontentamento, parece querer agora, assumir medidas mais ásperas, para chamar a atenção das entidades autárquicas que tutelaram a obra, que continua a merecer criticas de vária ordem.

A requalificação deste espaço público, na zona central da freguesia de Nespereira, nunca acolheu muitos aplausos e muito menos grandes elogios, e o certo é que, concluídos os trabalhos, as Casas de Banho públicas instaladas numa espécie de contentor, nunca foram abertas e colocadas ao serviço da população, que reclama um equipamento de raiz e um gradeamento condigno com a área, que além do enquadramento estético, possa assegurar condições mínimas de segurança para quem ali circula, nomeadamente crianças.

A polémica é por demais evidente e potencia o espírito de revolta da população, que não acha piada nenhuma á colocação de um contentor com a tipologia de Casas de Banho e que, mesmo assim, continua a ter uma utilidade nula, uma vez que nunca foram abertas ao público, daí que já circule na freguesia a ideia de que aquela estrutura deverá ser destruída ou derrubada para a berma da EN 225.

Recorde-se que a Requalificação do Largo da Feira foi uma obra do Executivo Cinfanense, liderado por Pereira Pinto, e aprovada em Junho de 2008, com base num orçamento de mais de 280 mil euros.

Em Novembro de 2008 foi feita a apresentação pública do projecto de requalificação, mas as obras só avançaram em Janeiro de 2009, contemplando na intervenção a construção de um Quiosque e WC’s Públicos.

Com algumas paragens pelo meio, a obra foi concluída em Novembro de 2009, mas a construção do Quiosque foi esquecida, porque até hoje ninguém viu nada que se parecesse com tal, assim como volvidos que são mais de 8 meses, aquilo que supostamente seria a estrutura para acolher os sanitários públicos, nunca teve utilidade e nunca foi disponibilizada à população, para desagrado dos residentes na zona da Feira, dos visitantes e até mesmo dos feirantes que, aos dias 4 e 18 de cada mês, ali protagonizam a feira quinzenal e que se vêem forçados a recorrer aos cafés e outras casas comerciais da vila.

Muitos populares evidenciam o seu protesto, face àquilo que consideram uma “ aberração “ inestética que, nada tem a ver, com o enquadramento urbanístico que tem este espaço central da freguesia, com o coreto e o seu ancestral pelourinho.

A verdade é que, logo no inicio da obra, o próprio presidente da Junta de Freguesia, no tempo o social – democrata Mário Teixeira, mostrou-se pouco receptivo a este projecto, demonstrando, a exemplo dos moradores da Feira, alguma desconfiança à obra de requalificação, dai recordar-se que, alguns populares ameaçaram mesmo, tentar forçar a edilidade cinfanense a suspender a intervenção urbanística.

Há quem avance com a ideia de que as instalações sanitárias deveriam ser transferidas para o amplo espaço do Mercado da Feira ou Largo do Mercado como outro chamam, local que acolhe os acontecimentos culturais da freguesia, mas os mais “ inconformados “ querem mesmo ver o “ contentor “ retirado dali para fora e criada uma solução alternativa mais estética e adequada a esta zona envolvente, por muitos assumida como o centro histórico da freguesia.

E se poderá haver quem goste da obra, a verdade é que, as reclamações soam mais alto e até mesmo a CDU de Cinfães já promoveu um “ abaixo – assinado “, contestando a situação actual dos WC’s Públicos, que apesar de tudo, continuam encerrados e cobertos de poeira, sem qualquer utilidade, obrigando os locais e visitantes a recorrer a instalações sanitárias dos cafés e dos restaurantes do centro da vila.

Ainda recentemente, ao que se soube para marcar posição, aquando da campanha de vacinação de canídeos, os donos fizeram questão de se colocar com os cães junto do Pelourinho, procurando demonstrar à Veterinária Municipal, as dificuldades de manobra para as viaturas, que obriga a curva que contorna o corêto ali existente.

Outra das opções avançadas pela opinião pública, refere a construção de um pequeno “ anfiteatro “ no Largo do Mercado, provavelmente com o mesmo nome do patrono do coreto, possibilitando assim, a retirada da estrutura e o consequente alargamento daquele acesso, integrado no Projecto de Requalificação do Largo da Feira.

Outro dos protestos da população nespereirense, nomeadamente daqueles mais afoitos nas reclamações relacionadas com a obra, tem a ver com o gradeamento ali colocado, que consideram feio, sem gosto e arte e sem garantias de segurança para quem ali transita junto ao muro, constituindo mesmo uma ameaça para qualquer criança que ali se debruce, uma vez que não foram acauteladas as exigências do projecto, sendo colocadas barras verticais de forma muito espaçada, com 1,20m de distancia.

Instados a falar sobre a situação, alguns moradores acusam a Câmara de Cinfães de mau trabalho e a Junta de Freguesia de inoperância, criticando mesmo a forma demasiado passiva como a autarquia local esta a gerir o problema face à posição da edilidade cinfanense.

A ideia que fica é que a Junta de Freguesia de Nespereira deveria ser a primeira entidade a reclamar deste estado de coisas, a estar na linha da frente do protesto popular e pressionar a Câmara Municipal para, apesar da obra estar concluída, melhorar algumas coisas, o que não acontece porque, segundo dizem, “ são da mesma cor politica e não interessa fazer barulho, trocar acusações e entrar em conflitos “.

Ouvido pelo jornalista, Mário Leitão, presidente da autarquia de Nespereira, sem assumir uma posição enérgica, rejeita as acusações e embora concordando que a situação não prestigia a freguesia, espera que os problemas sejam resolvidos a contento de todos, anunciando mesmo que, no dia da Feira Franca – 6 de Agosto, foram já realizados trabalhos para abrir os WC’s Públicos.

O autarca não deixou de manifestar a sua opinião e disse também não concordar e gostar de ver ali aquele contentor a servir de Casas de Banho, que não se enquadra bem naquele recinto central da vila, mas lembrou que aquilo é uma obra da responsabilidade da Câmara e não da Junta de Freguesia, daí pouco poder fazer.

Referindo que chegou a solicitar ao presidente da Câmara Municipal, para transferir o contentor das instalações sanitárias para o Mercado da Feira, e que apesar de ter alguma receptividade por parte do edil, a ideia foi abandonada porque na zona do mercado não está instalada a rede de abastecimento e não tem saneamento básico.

Mostrando-se solidário com as reclamações do povo, Mário Leitão recorda que chegou a colocar o assunto numa Assembleia Municipal e que, desde que está na autarquia, a Junta de Freguesia não foi tida ou achada a respeito da obra, embora prometa continuar a lutar para que, algumas coisas que não estão bem possam ser melhoradas, como é o caso do gradeamento ali colocado, que também não se enquadra com a beleza e a importância desta zona, que considera histórica da freguesia.

Sabe-se agora que, talvez pressionada pela importância das iniciativas que a freguesia vai acolher no tempo mais próximo, como será o caso do Festival da Juventude “ Kulverão 2010 “, a edilidade cinfanense deu agora inicio aos trabalhos para colocar em funcionamento as casas de banho, que tanta polémica tem suscitado na urbe nespereirense.

Resta ver se a população tolera por mais tempo esta situação, ou se pelo contrário, vai manifestar o seu protesto e a sua revolta, tendo em conta o vergonhoso caso de, em pleno Verão, com gente de férias, emigrantes e muitos visitantes na terra, a vila de Nespereira continuar a ter umas Casas de Banho “ encaixotadas “ e encerradas ao público.

Reportagem de Carlos Oliveira – texto e fotos