quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Explosivos/Douro: presidente da Apipe considera situação "altamente clandestina e perigosa"

Lusa) - O presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Pirotecnia e Explosivos considera que os explosivos encontrados no Douro resultam de "uma situação altamente clandestina e perigosa" e atribui responsabilidades ao Departamento de Armas e Explosivos da PSP. "O Departamento de Armas e Explosivos da PSP tem de ser mais célere a despachar os processo que autorizam, ou não, a laboração das empresas. Há muitas pirotecnias que continuam suspensas por razões processuais que nada tem a ver com segurança", denunciou hoje Carlos Macedo. Segundo o dirigente da APIPE, "cerca de metade das empresas do ramo estão suspensas desde há vários anos, muitas delas fizeram investimentos avultadíssimos para corresponder às exigências da legislação". "O que acontece é que como a licença não chega, muitos industriais optam por trabalham na clandestinidade. Neste caso a fiscalização não existe porque ninguém sabe onde se encontram", afirmou. Sobre o caso concreto dos explosivos que foram encontrados no Rio Douro, o responsável da Apipe disse não dispor de "grandes informações", mas admitiu tratar-se de "mais um situação de descontrolo da situação processual". "Felizmente foi encontrado por um pescador sensato, porque caso contrário poderia causar uma catástrofe", considerou, referindo que "aparentemente se trata de material muito perigoso". Explicou que "por se tratar de um material feito à base de produtos químicos, enquanto está submerso fica inactivo, mas retirado da água e com determinado grau de humidade fica muito perigoso". "Aparentemente, aquele material estaria ali para desaparecer ou então estaria escondido na margem, num nível em que a subida da água o poderá ter libertado", disse. Segundo o dirigente da APIPE, existem no distrito do Porto cerca de 30 pirotecnias, mas apenas três funcionam dentro da legalidade, com uma autorização provisória, as restantes estão suspensas. A legislação aprovada em Maio de 2005 determina a caducidade dos alvarás dos estabelecimentos de fabrico e armazenagem de explosivos, até ser comprovada a adaptação aos requisitos legais. A recolha de explosivos encontrado terça-feira no rio Douro foi reiniciada hoje de manhã pela GNR, com reforço de meios de vários distritos, incluindo mergulhadores. O fabricante dos explosivos para utilização pirotécnica já foi identificado, através da marca existente em alguns cartuxos, estando as brigadas de investigação criminal a investigar como é que os explosivos apareceram a boiar no Douro, explicou o tenente-coronel da GNR, Costa Lima, em declarações à Lusa. No local das operações, Ponte Nova, perto de Entre-os-Rios, também já "estiveram elementos da Polícia Judiciária, sendo normal a cooperação entre as forças" para acompanhar o desenrolar dos trabalhos, afirmou o oficial. Foram já detonados várias dezenas de quilos de engenhos explosivos, numa área próxima do local de recolha, numa vala aberta por uma máquina. Os explosivos foram encontrados terça-feira de manhã por um pescador, que alertou as autoridades, junto à Ponte Nova, Entre-os Rios.

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