O encerramento dos Tribunais de Castelo de Paiva e Sever do Vouga é inaceitável
1. Os sucessivos governos PS, PSD e CDS, têm conduzido a
Justiça no nosso país à situação em que hoje se encontra - o crescente
condicionamento e estrangulamento do Poder Judicial e a gritante desigualdade
dos cidadãos face à Justiça. O anúncio de encerramento de 47 Tribunais no país,
é a mais recente medida anunciada por este Governo, dificultando, ainda mais, o
acesso e a proximidade à Justiça e à sua realização para muitos milhares de
portugueses. No caso concreto do distrito de Aveiro, esta medida, a
concretizar-se, significaria o encerramento dos Tribunais de Castelo de Paiva e
Sever do Vouga, a que previsivelmente se seguiriam diversas outras medidas de
redução do aparelho judicial no distrito.
2. Uma vez mais, os concelhos do interior são o “alvo” mais
frágil e preferencial da redução de serviços públicos, fomentando assim a sua
crescente desertificação económica, social e humana. E, no caso dos Tribunais,
além do mais, trata-se do encerramento de “órgãos de soberania com competência
para administrar a justiça em nome do povo” e cujo acesso está “garantido a
todos os cidadãos”, conforme estabelece a Constituição da República.
3. O famigerado pacto de agressão, assinado entre a troika
estrangeira e a nacional, exigia “melhorias na justiça”, mas com o encerramento
dos tribunais e o aumento desmesurado das custas judiciais, percebe-se agora
melhor que se tratava apenas de cobrar as dívidas do crédito bancário e de
servir os interesses do capital, e não de melhorar a justiça para os
trabalhadores e as populações.
4. Alegando necessidades orçamentais para encerrar
Tribunais, o Governo PSD/CDS, na linha do que foi iniciado pelo Governo PS, põe
ainda mais em causa os direitos e interesses dos trabalhadores, no sector
público e no privado, sobretudo numa situação de ataque generalizado ao direito
de trabalho, previsto na “concertação/burla” assinada entre governo, patronato
e UGT, que, designadamente, facilita os despedimentos e aumenta a precariedade.
Estes encerramentos são um “cheque em branco” ao capital que pode assim
concretizar o que anda não consegue por via legal, tornando mais difícil aos
trabalhadores, principais vítimas da crise capitalista, fazer valer os seus
direitos.
5. Mas o fecho dos Tribunais cria também dificuldades
insuperáveis nos processos de família, nas pequenas dívidas e nas questões
judiciais que atingem a generalidade das populações. A par do encerramento de
escolas, postos de correios, centros de saúde, postos da GNR, etc, estas
políticas são um atentado aos direitos das populações que vêem assim negado o
acesso a direitos fundamentais, constitucionalmente consagrados.
6. O PCP, em coerência com as suas posições de sempre,
continuará a intervir e lutar contra estas políticas, procurando assegurar a
igualdade dos cidadãos na realização da Justiça e na defesa de um poder
judicial independente e soberano, pilar fundamental do regime democrático. O
PCP apela à luta das populações em defesa dos seus direitos.
Secretariado da DORAV
02 de Março de 2012
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