COM ABERTURA DOS XXXII JOGOS DESPORTIVOS
COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL TROUXE FESTA ÀS RUAS DE CASTELO DE PAIVA
Inaugurado monumento alusivo à Feira do Vinho Verde
Concertos com fanfarras e bandas musicais, sessão solene da
Assembleia Municipal, abertura do Jogos Desportivos e o habitual Desfile das
Colectividades locais, para além da inauguração do Monumento alusivo à Feira do
Vinho Verde na Rotunda do Marmoiral, foram as principais iniciativas que
marcaram ontem os festejos do 25 de Abril em Castelo de Paiva, organizados pela
autarquia local, e que trouxeram, em dia soalheiro, muita gente às ruas da
vila.
A Câmara Municipal de Castelo de Paiva gizou um programa das
comemorações do 44º Aniversário do 25 de Abril, agendando diversas actividades
para o feriado nacional que, como é habitual, voltou a integrar as cerimónias
de abertura dos Jogos Desportivos, que este ano contabilizam a sua 32º edição,
registando-se a presença de milhares de pessoas nas actividades que se
desenrolaram na zona central da vila.
No dia do feriado do 25 de Abril, o programa contemplou, no
espaço do Auditório Municipal, uma sessão solene evocativa da Assembleia
Municipal, orientada para os 44 anos do 25 de Abril, que este ano foi associada aos 30 anos da
Academia de Musica de Castelo de Paiva, onde para além das intervenções
políticas, registaram-se vários momentos musicais interpretados pela Orquestra
Ligeira e Côro da Academia.
No ciclo de intervenções, para além dos presidentes da
Câmara e da Assembleia Municipal, Gonçalo Rocha e Gouveia Coelho
respectivamente, usaram da palavra o Prof. Agostinho Vieira, director
pedagógico da Academia, Fátima Strech, em nome do Partido Socialista, e Paulo
Martel, em nome do CDS.
Na sua
prelecção, o director da Academia de Musica de Castelo de Paiva começou por
fazer uma caracterização da década de 1980, período de tempo memorável para os
nascidos nas décadas de 1950, 1960 e 1970 e tiveram a possibilidade de assistir
aos anos loucos depois da instabilidade do período revolucionário e da
normalização. Foi também um período de grandes desafios e oportunidades cabendo
ao poder autárquico de então, um papel charneira no desenvolvimento do território,
nomeadamente em regiões do interior, mais desfavorecidas e distantes do
centralismo da capital.
Enquadrado
nesta descrição que fez recordar com nostalgia a década de 80, Agostinho Vieira
lembrou o tempo em que a sociedade civil procurou cada vez mais aceder a bens
culturais e educativos, que até então eram privilégio de uma elite prevalecente
e, neste contexto abordou, a instalação da Escola de Musica, nesse período, no
edifício da Quinta do Pinheiro, entretanto requalificado para aquelas funções,
dando origem à Academia de Música, uma instituição de ensino especializado que
se consolidou com sucesso e se projectou no espaço nacional e internacional.
O dirigente
concluiu a sua intervenção com a convicção de que, independentemente das
vontades
individuais e colectivas, a instalação desta escola seria uma utopia
se considerarmos a desvalorização e supletividade com que eram olhadas as áreas
artísticas e educativas no país no tempo do anterior regime, realçando que,
graças às políticas centrais implementadas na sequência de Abril, graças à
autonomia do poder local e à crescente participação da sociedade civil, foi
possível mudar o país levando às regiões mais desfavorecidas os bens culturais
que todos ambicionavam.
Recordando o
tempo que esteve em Angola, nos princípios da democracia, o membro da
Assembleia Municipal eleito pela coligação “ Castelo de Paiva com futuro “,
destacou que o 25 de Abril trouxe a luz da democracia, mas não deixou de
reivindicar mais confiança nos poderes instituídos, lamentando o alastrar da
corrupção no país e a lentidão do sistema judicial, evidenciando inconformismo
com o rumo de algumas politicas sociais, nomeadamente do sistema de saúde, onde
deu exemplos do mau serviço prestado em vários hospitais.
Depois de
louvar a acção da Academia de Musica, que considerou “ uma pérola do concelho
“, Paulo Martel deixou alguns recados, referindo que os partidos políticos não
se deviam intitular como únicos donos da democracia, uma democracia que, na sua
opinião, deveria ser mais representativa, na perspectiva de pensar, querer e
fazer.
Falando em
nome do Partido Socialista, Fátima Strech
deu os parabéns à Academia de Musica pelo trabalho desenvolvido ao longo
de anos, considerando esta instituição de ensino como “ um dos frutos de Abril
bem sucedidos “, ao mesmo tempo que evidenciou que, viver Abril é sempre um motivo de orgulho e de enorme
satisfação, pois só vivendo Abril se pode celebrar a liberdade, a democracia, a
igualdade, a fraternidade, a solidariedade, a assumpção de deveres mas também a
conquista de direitos, a atribuição de responsabilidades mas também de
competências, entre as quais as inerentes aos desempenho de cargos políticos em
órgãos autárquicos e governativos.
Considerando
que o rumo do país agora é outro, e que importa por isso, repôr a confiança e o
ânimo, os direitos adquiridos ao longo de quatro décadas, Fátima Strecht disse
acreditar num futuro melhor, agora que se começa a ver uma luz no fundo do
túnel, agora que começaram a surgir os primeiros sinais de esperança e
optimismo, outrora perdidos, contrariando a vontade de muitos que, desde cedo
vaticinaram, o desaire, a miséria e a desgraça do país.
Celebrar a
revolução dos cravos 44 depois, sob o lema “ raízes e frutos de Abril “, foi
para Gouveia Coelho, um desafio para olhar o presente à luz dos ideais que
triunfaram na revolução, lembrando que a revolução dos cravos foi uma explosão
de alegria, um entusiasmo sem barreiras e sem limites, uma experiência única da
concretização de sonhos, a demonstração de que a utopia é um horizonte
mobilizador que vale a pena perseguir.
O presidente
da Assembleia Municipal disse que, o 25 de Abril foi o fruto dos sonhos, das
utopias, das lutas daqueles que resistiram e acreditaram nas mudanças, na
liberdade, na igualdade, na fraternidade e na autodeterminação, raízes que
importa celebrar e proclamar, deixando depois um reconhecimento à Academia de
Musica, que considerou um fruto de Abril que honra Castelo de Paiva, um orgulho
que a todos envaidece porque a sua criação está ligada aos ideais de Abril.
No momento de realçar a comemoração do 25 de Abril, o
presidente Gonçalo Rocha puxou pela memória colectiva e destacou que o 25 de
Abril está associado à conquista da liberdade e à coragem dos que, durante 48
anos de fascismo, não desistiram de lutar, não se acomodaram e perceberam que a
escuridão não é eterna, assim o queiram e façam os povos.
Orgulhoso por esta efeméride ser sempre festejada em Castelo
de Paiva com grande entusiasmo e dignidade, evidenciou a necessidade de
transmitir aos mais novos os valores e os ideais de Abril, o conceito de
liberdade, o direito de voto e de expressão de convicções e pensamentos, a
evolução da sociedade portuguesa, a importância da vivencia democrática e a
vontade de continuar a lutar para mudar e agir, procurando-se sempre, afirmar o
país pela positiva e enaltecendo também a terra que orgulhosamente se representa.
Na sua intervenção na Sessão Solene, o presidente da CM de
Castelo de Paiva falou nas conquistas de Abril e na esperança de uma vida
melhor, na génese de um Poder Local democrata, autónomo e representativo da
população, assumido como motor de progresso e modernização do país, onde as
autarquias são o baluarte da gestão pública, um grande activo do progresso
nacional, símbolos de coesão do território, caminhos de proximidade, liderando
o processo de transformação infra-estrutural do país, sem comprometer o futuro
das novas gerações.
O autarca recordou a importância de continuar a lutar contra
as adversidades, procurando sempre erguer os valores da justiça, da igualdade e
da solidariedade, evocando os grandes valores e desígnios da acção politica em
Castelo de Paiva, como rigor na gestão municipal, boas contas, competência,
humildade, inovação e valorização das pessoas, porque na sua opinião, comemorar
o 25 de Abril não poder ser um exercício de retórica, mas sim um imperativo
intergeracional, congregador de um ideário republicano ao serviço da soberania
de um povo e do desenvolvimento da pátria.
O edil
paivense, ainda teve tempo de abordar a visão estratégica ao nível da promoção
dos recursos naturais, contextualizando a importância da valorização e
requalificações das zonas ribeirinhas do concelho e o investimento que está já
concretizado, de apetecível interesse turístico, que será complementarizado com
os Percursos Pedestres, associados aos rios, serra, vinhas e minas, num
projecto ambicioso, gizado para trazer gente ao território, dinamizar uma terra
com imensas potencialidades no turismo de natureza e alavancar a economia
local, procurando valorizar o município, criar riqueza e atrair visitantes que
se apaixonem pelo concelho e pela sua oferta turística.
A tarde foi preenchida pelo habitual desfile das associações
desportivas e culturais do concelho e
exibição da Fanfarra dos Bombeiros
Voluntários de Castelo de Paiva, concretizando-se a abertura dos XXXII Jogos
Desportivos, uma iniciativa municipal que se prolonga até ao final de Setembro
e movimenta centenas de atletas de todas as freguesias do concelho.
Toda esta envolvência e este dinamismo cultural associativo,
tal como disse na abertura o presidente da CM, Gonçalo Rocha, é uma força representativa
das colectividades que, com sucesso e orgulho, marcam presença e continuam a
valorizar e a prestigiar o concelho e esta iniciativa anualmente desenvolvida
pela edilidade paivense.
Depois do desfile habitual, o programa das comemorações contemplou
também uma largada de pombos e outras actividades, nomeadamente a inauguração
de um Monumento alusivo à Feira do Vinho Verde, Gastronomia e Artesanato, da
autoria do conhecido escultor madeirense Luís Paixão, que ficou localizado na
Rotunda do Marmoiral, uma das entradas da urbe paivense.
A jornada comemorativa do 25 de Abril encerrou com um
concerto musical, com a presença da Banda Marcial de Fornos, sob a regência de
David Silva, no espaço do Auditório Municipal, e um jantar de confraternização
evocativo do 109º aniversário da popular filarmónica paivense, numa
participação que sempre desperta natural entusiasmo e expectativa nos
aficionados, dignificando as comemorações deste Dia da Liberdade em Castelo de
Paiva
Carlos Oliveira
Sem comentários:
Enviar um comentário