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terça-feira, 4 de novembro de 2014

A floresta tropical do Pejão de há 300 milhões de anos
EXPOSIÇÃO DE FÓSSEIS DE ANTÓNIO PATRÃO NO CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA CULTURA LOCAL
Edição de Novembro da “ National Geographic “ fala da colecção deste ex-mineiro paivense


Desde a tarde da passa sexta feira, que está patente ao público, no espaço do CICL – Centro de Interpretação da Cultura Local, em Castelo de Paiva, uma exposição de fósseis da colecção de António Patrão, um ex-mineiro de Castelo de Paiva, natural de Pedorido, que recolhe fósseis há mais de 30 anos, tendo a sua curiosidade pelos elementos paleontológicos começado quando encontrou uma trilobite numa pedra de uma casa em ruínas, tornando-se um apaixonado pela geologia e um admirador dos fósseis da Região Carbonífera do Pejão.


Esta exposição, subordinada ao tema “ A floresta tropical do Pejão de hà 300 milhões de anos “, assume grande importância pedagógica, sendo sustentada na colecção de Antonio Patrão, e recorde-se que, muitas das rochas que actualmente constituem o território continental português estavam há milhões de anos a ser apertadas por forças incalculáveis, para formar uma nova cadeia montanhosa : as Montanhas Variscas, quando se falava em massas continentais em colisão que ajudaram a formar a PANGEA, um super continente, formado em resultado do choque entre as principais placas litosféricas desse tempo, sendo nesse ambiente que se formaram as rochas  que preservaram a informação sob a composição das florestas e restante biodiversidade dessa época, e que hoje é possível encontrar, estudar e admirar nos fósseis da região do Couto Mineiro do Pejão, conforme mostra esta exposição agora patente ao público, até ao final do ano, em Castelo de Paiva.
Depois de ter já sido apresentada em Vila Real, o Vereador da Cultura, José Manuel Carvalho evidenciou a generosidade e dedicação de António Patrão, felicitando o autodidacta pela excelente colecção que possui, enaltecendo a sua pronta disponibilidade para participar nesta exposição e nos estudos académicos que estão a ser desenvolvidos na região.
O responsável municipal realçou ainda, a importância da iniciativa, evidenciado o significado e interesse histórico da mesma, congratulando-se com a possibilidade de, agora, poder ser mostrada também em Castelo de Paiva, envolvendo toda a comunidade escolar e ajudando a potenciar a região com base nos recursos naturais e tendo em conta aquilo que se perspectiva para dinamizar turisticamente a região do Couto Mineiro do Pejão, ao mesmo tempo que evidenciou a importância de, a breve prazo, também Castelo de Paiva poder integrar o território do Geopark de Arouca, motivando ainda mais o interesse turístico pelo município paivense e ajudando a promover com maior amplitude todas as potencialidades que Castelo de Paiva apresenta neste sector.
                Nesta cerimónia de abertura, destacou-se a intervenção do Prof. Artur Sá, do departamento de Geologia da UTAD - Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, que abordou com detalhe e clareza, a existência de outrora, de florestas tropicais em Portugal, as massas continentais que estiveram em colisão, o período geológico denominado Carbónico e enaltecendo também, o trabalho e dedicação de Antonio Patrão na recolha de fósseis há mais de três décadas, sendo que estes fosseis de elementos vegetais testemunham a existência de uma floresta luxuriante na região do Pejão há cerca de 300 milhões de anos.
E foi com uma quadra do António Aleixo, dizendo que, “ não sou esperto nem sou bruto. Nem bem nem mal educado. Sou 
simplesmente o produto. Do meio onde fui criado “, que Antonio Patrão, agora jardineiro de profissão, se referiu à sua paixão por coleccionar fosseis já vão três dezenas de anos, evidenciando a satisfação que teve de ver o material descoberto numa exposição na UTAD em Vila Real e agora no seu próprio concelho, agradecendo a todos os que potenciaram e ajudaram a promover esta iniciativa cultural e a dar a conhecer a sua colecção.  
Recorde-se que, na região do Pejão, é conhecida a existência de rochas com carvão deste os trabalhos científicos pioneiros de Daniel Sharpe (1849) e de Carlos Ribeiro (1863) e foi neste ambiente que se formaram as rochas que preservaram a informação sob a composição das florestas  e restante biodiversidade desse tempo, e que hoje é possível encontrar, estudar e admirar no fosseis da região do Pejão, merecendo até, a colecção de António Patrão, destaque na edição de Novembro da prestigiada revista “ National Geographic Magazine “, que realça o “ hobby “ do ex-mineiro de Castelo de Paiva que, todos os Domingos, vai à procura de materiais paleontológicos na Bacia Carbonífera do Douro, referindo ainda, que o património geológico desta região está a ser inventariado e avaliado pela CM de Castelo de Paiva, que decidiu já avançar para a elaboração de um projecto para a criação de um espaço museológico para acolher estes materiais recolhidos.
A iniciativa, desenvolvida pelo Câmara Municipal de Castelo de Paiva, através da orientação da geóloga Eliana Ferreira, tem o apoio e a colaboração da UTAD - Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, nomeadamente do seu departamento de Geologia da UTAD, bem como a pareceria do Arouca Geopark e o Comité Português para o Programa Internacional de Geociências da UNESCO, tendo marcado presença na sessão de abertura, as geólogas Daniela Rocha e Susana Bastos, do Arouca GeooPark, para além de autarcas locais, docentes, investigadores e outras entidades, como a ADRIMAG – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras de Montemuro Arada e Gralheira.


Carlos Oliveira 

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