Gonçalo Rocha destacou a importância de preservar a memória e o respeito pelo passado
LIVRO SOBRE A OUTORGA DO FORAL À TERRA DE PAYVA APRESENTADO NO DIA DOS 500 ANOS DO CONCELHO
No âmbito das comemorações dos 500 anos da outorga do Foral à Terra de Payva, realizou-se ontem em Castelo de Paiva, a cerimónia de lançamento da obra “ O Foral de Terra de Paiva – Marco de Identidade “, da autoria do Prof. Dr. Manuel Joaquim Moreira da Rocha, uma iniciativa muito participada, onde o presidente da edilidade Gonçalo Rocha evidenciou o significado e a importância deste acto, na medida em que permite, com a dignidade que se justifica, realçar a história e identidade do concelho, perpetuando a memória dos paivenses, num documento de grande interesse histórico, que deve ser motivo de exaltação e de júbilo para todos os paivenses.
Passados que estão 500 anos da outorga do Foral Manuelino à Terra de Payva, ( 1 de Dezembro de 1513 ), a Câmara Municipal de Castelo de Paiva assinalou ontem a efeméride, com a apresentação de uma edição fac-similada do único exemplar existente na Torre do Tombo, contextualizada por um trabalho interpretativo de manifesta qualidade, tendo o edil paivense destacado que, “ com a publicação desta obra, pretende-se preservar a memória do que fomos e em especial estimular a investigação sobre as origens do Município de Castelo de Paiva, com todas as mudanças e transformações que aqui ocorreram desde a época mais remota até aos nossos dias “, prosseguindo depois que, “ se é da maior importância a atenção que devemos dar ao nosso futuro, não o é menos, a atenção que devemos prestar ao nosso passado, que muito se repercute no que somos hoje “.
Na sua intervenção, na cerimónia realizada no Centro de Interpretação da Cultura Local, o presidente Gonçalo Rocha referiu que, “ esta obra, que retrata a componente organizativa do nosso território e valoriza o formato do Poder Local, preenche uma importante lacuna no estudo da história paivense e, em especial, preserva uma parte importante da nossa memória, tarefa com a qual firmemente nos comprometemos “, sendo que, “ a importância do nosso futuro está alicerçada na atenção e respeito que devemos prestar ao nosso passado e esta edição retrata o nosso testemunho para a preservação da nossa memória e da identidade de Payva “, deixando depois, uma palavra de reconhecimento ao ilustre paivense, Prof. Manuel Joaquim Rocha, pela forma dedicada e competente como conduziu a investigação e a coordenação deste trabalho.
A força de ser paivense foi por diversas vezes realçado pelo autarca local, que manifestou a sua evidente preocupação perante os tempos difíceis que se avizinham, em que se anuncia o encerramento de serviços públicos no concelho, daí destacar “ a necessidade de ser evidenciada a identidade concelhia com toda a dignidade, sabendo todos honrar o nosso legado e mostrando que não podemos deixar de valorizar a nossa história e fazer valer as nossas razões “, aproveitando para anunciar depois, a possibilidade da criação da Rota dos Ofícios Tradicionais no concelho.
Depois da actuação do Ensamble Cordas da Academia de Música de Castelo de Paiva, o presidente da Assembleia Municipal , Gouveia Coelho, manifestou o seu agrado pela realização da iniciativa e pela publicação da obra, salientando que, “ não há futuro como deve ser, se estivermos esquecidos do passado “, enquanto o Professor Doutor Arnaldo Pinho, Catedrático da UC e Deão do Cabido da Sé do Porto, falou da importância das municipalidades com a atribuição dos forais, evidenciando a ascensão do povo, ao mesmo tempo que recordava o arouquense D. Domingos de Pinho Brandão e a sua obra, elogiando depois o empenhamento do Dr. Manuel Joaquim Rocha na execução deste livro que exalta os 500 anos das Terras de Payva.
A sessão contemplou uma dissertação, sobre a obra, por parte do autor, Prof. Dr. Manuel Joaquim Moreira da Rocha, Professor Auxiliar com Agregação - Faculdade de Letras da Universidade do Porto / CITCEM, que fez questão de destacar que o Foral de Paiva é um documento de significativa importância da memória colectiva para as gerações vindouras e espelha bem dados específicos sobre as Terras de Paiva, apresentando já no século XVI, um concelho com identidade própria, predominando os direitos e os deveres numa terra dominada pela agricultura, pela cultura do vinho e pelos rios, enaltecendo depois, o esforço dos paivenses e da Câmara Municipal na afirmação deste concelho duriense com cinco séculos de história.
A Prof. Doutora Paula Cardona, investigadora do CEPESE – Centro de Estudos da População Economia e Sociedade ) da Universidade do Porto, considerou esta obra, como sóbria e elegante, como deve ser um documento desta importância, referindo que, “ encontra-se primorosamente ilustrado com um belíssimo e elucidativo conjunto de fotografias de Castelo de Paiva a par do fac-simile do foral, que lhe confere dinâmica visual, tornando-o muito apelativo, sendo que o resultado final, do ponto de vista da forma, do design gráfico, foi bem conseguido e será, tenho a certeza, do agrado do leitor “.
Olhando para o conteúdo da obra, esta especialista em arte e turismo, considerou que o autor estruturou a sua narrativa assente em treze temáticas, nomeadamente, o Foral de Terra de Payva: marco de Autonomia Municipal; Portugal na Europa e no Mundo no século XVI; o Território de Portugal e as Terras de Paiva; da Paróquia à Freguesia; o território de Paiva e o território de Paiva no século XVI; a História do Monumento (Foral) de Terra de Payva; o Foral de Terra de Paiva e os Forais Novos; o Foral de Terra de Paiva: marco de Identidade; Impostos da exploração das terras pela prática da agricultura; os Rios Douro e Paiva; as Terras de Paiva e o Rio Douro no contexto da macroeconomia e o Paivense – as gentes do Território de Paiva no século XVI.
A concluir, Paula Cardona fez questão de evidenciar que, esta obra é basilar para a consolidação da identidade de Castelo de Paiva e o seu autor, um prestigiado filho da terra, “ atreveu-se a ir mais longe neste estudo de base científica e logrou. Cumpriu o mais caro e grato dos desígnios: tornar inteligível, perceptível, palpável e mensurável, a dimensão material e imaterial do património e das gentes de Castelo de Paiva “, prosseguindo a investigadora que esta obra, agora apresentada, “ é também uma exortação que se faz à actual e futura geração para que sejam guardiães da memória da sua comunidade e que, à semelhança deste filho da terra, saibam cuidar, interpretar e divulgar o seu legado “.
CAMINHADA E ESTAFETA DO FORAL INTEGROU AS COMEMORAÇÕES
Entretanto, ainda no mesmo âmbito da comemoração dos 500 anos da atribuição do Foral à “ Terra de Payva “, realizou-se também na manhã de Domingo, uma Caminhada e Estafeta do Foral, cuja concentração de participantes foi feita no Largo da Feira de Nojões, na freguesia de Real.
Esta caminhada, aberta a toda a população, teve uma forte adesão de participantes e no seu itinerário, contemplou a passagem por vários lugares com interesse histórico, nomeadamente junto aos locais onde esteve situado o edifício da Cadeia, Tribunal, Escola e Engenho, no Largo de Nojões, seguindo depois para o Solar das Aranhas, sendo também realizada uma passagem pelo antigo Quartel, e pela Ponte do Concelho, com paragem para o habitual Mata Bicho.
No percurso escolhido, os caminheiros percorreram ainda, os lugares de Almarde, Silo, Mamoas e Cemitério, de seguida para Vilar, com breve paragem junto à placa dos 500 anos do concelho, regressando depois ao local de partida, o Largo da Feira em Nojões, onde foi servido um almoço á moda antiga, com os deliciosos rojões e as famosos papas tradicionais, numa confraternização que juntou cerca de centena e meia de participantes e, onde os presidentes da Câmara Municipal, Gonçalo Rocha e da Assembleia Municipal, Gouveia Coelho, ao lado do presidente da Junta de Freguesia de Real, Victor Quintas e outros dirigentes associativos, tiveram tempo ainda, para plantar várias árvores no espaço do Largo da Feira de Nojões, outrora lugar de comercio
Recorde-se que este evento cultural, que se traduziu num rotundo sucesso, teve organização conjunta da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, da Junta de Freguesia de Real, da Associação de Defesa do Património Histórico de Castelo de Paiva - ADEP, da Associação Social e Cultural de Nojões -ASCRN e do Grupo Desportivo Cultural de Castelo de Paiva, todos imbuídos no espírito de assinalar com dignidade, numa jornada de cultura e confraternização, uma data histórica para o município paivense.
Carlos Oliveira
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