A CONVITE DA CÂMARA MUNICIPAL
OTELO SARAIVA DE CARVALHO VISITA AMANHÃ CASTELO DE PAIVA
A convite da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, o coronel
Otelo Saraiva de Carvalho vai estar amanhã à tarde de visita ao municipio
paivense, numa iniciativa que é aguardada com grande expectativa.
Trata-se de cumprir uma promessa de um ex-militar paivense
que serviu Portugal na guerra colonial, ao lado de Otelo Saraiva de Carvalho,
na perspectiva de vir conhecer este concelho do extremo norte do distrito de
Aveiro e, simultaneamente, conhecer o trabalho da ACUP e a sua missão nacional
ao nível do apoio aos ex-combatentes do Ultramar Português.
Esta será a segunda vez que o ex-capitão de Abril vem a
Castelo de Paiva, onde esteve em Maio de 2006, integrado no grupo excursionista
da “ Associação dos Amigos dos Castelos “, tendo visitado dos locais mais emblemáticos
do concelho.
Recorde-se que, há uns anos atrás, no âmbito da Semana da
História sobre o ex-Ultramar Português, promovida pela ACUP, estiveram em
Castelo de Paiva como palestrantes, o General Ramalho Eanes, Vasco Lourenço e o
historiador José Hermano Saraiva.
Da passagem de Otelo Saraiva de Carvalho por terras de
Paiva, está prevista uma recepção no Salão Nobre dos Paços do Concelho, às
15h30, seguindo-se depois, uma visita ao Monumento dos Combatentes do Ultramar,
com deposição de uma coroa de flores e a presença nas instalações da sede da
ACUP – Associação de Combatentes do Ultramar Português.
Considerado o grande estratega do 25 de Abril de 1974,
corajoso e determinado, Otelo Saraiva de Carvalho ajudou a pôr fim ao regime
marcelista. Foi responsável pelo sector operacional da comissão coordenadora do
MFA, que dirigiu nesse dia as operações militares. O golpe que intentou em 25
de Novembro de 1975 afastou-o de posições de poder mas, recuperada a imagem,
candidatou-se à Presidência da República por duas vezes. Foi preso no caso das
FP-25, mas acabou amnistiado em 1996.
Nascido em Lourenço Marques, Moçambique, em 31 de Agosto de
1936, Otelo Saraiva de Carvalho é conhecido como o chefe operacional do golpe
de Estado de 25 de Abril de 1974. Foi determinante para o fim da ditadura, no
posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha. O sonho
materializava-se. Nunca será esquecido devido à sua coragem e astúcia.
Otelo esteve em Angola de 1961 a 1963 e na Guiné de 1970 a
1973. Na fase final da guerra, foi um dos principais impulsionadores do
movimento de contestação ao Decreto-Lei n.º 353/73, que dava a possibilidade
aos milicianos do quadro especial de oficiais de ultrapassarem os capitães do
quadro permanente nas suas promoções. Isto deu início ao movimento dos capitães
e ao movimento das forças armadas (MFA). Foi precisamente como responsável pelo
sector operacional da comissão coordenadora do MFA que dirigiu os
acontecimentos do 25 de Abril. O desejo de liberdade e o descontentamento em relação
à política seguida pelo governo na guerra colonial foram as motivações de Otelo
Saraiva de Carvalho.
No tempo actual, Otelo lamenta as “ enormes diferenças de
carácter salarial ” que existem na sociedade portuguesa, destacando, “ não
poder aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me… Então e os outros ? Aqueles
que se levantam às 05:00 para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao
fim do mês com uma miséria de ordenado e cada vez mais pobres ? ”.
Para este Capitão de Abril, o que mais o desilude é “
questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento
das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas ”.
Uma delas, que Otelo considera “ crucial ”, era " a
criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e
cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura. Este povo,
que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista, merecia mais do que
quase três milhões de portugueses que já estão a viver em estado de
pobreza". Esses milhões, sublinhou, significa que “ não foram alcançados
os objectivos do 25 de Abril de 1974 “
GIRP/Carlos Oliveira
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