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terça-feira, 17 de janeiro de 2012


A CONVITE DA CÂMARA MUNICIPAL
OTELO SARAIVA DE CARVALHO VISITA AMANHÃ CASTELO DE PAIVA



A convite da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, o coronel Otelo Saraiva de Carvalho vai estar amanhã à tarde de visita ao municipio paivense, numa iniciativa que é aguardada com grande expectativa.


Trata-se de cumprir uma promessa de um ex-militar paivense que serviu Portugal na guerra colonial, ao lado de Otelo Saraiva de Carvalho, na perspectiva de vir conhecer este concelho do extremo norte do distrito de Aveiro e, simultaneamente, conhecer o trabalho da ACUP e a sua missão nacional ao nível do apoio aos ex-combatentes do Ultramar Português.
Esta será a segunda vez que o ex-capitão de Abril vem a Castelo de Paiva, onde esteve em Maio de 2006, integrado no grupo excursionista da “ Associação dos Amigos dos Castelos “, tendo visitado dos locais mais emblemáticos do concelho.
Recorde-se que, há uns anos atrás, no âmbito da Semana da História sobre o ex-Ultramar Português, promovida pela ACUP, estiveram em Castelo de Paiva como palestrantes, o General Ramalho Eanes, Vasco Lourenço e o historiador José Hermano Saraiva.
Da passagem de Otelo Saraiva de Carvalho por terras de Paiva, está prevista uma recepção no Salão Nobre dos Paços do Concelho, às 15h30, seguindo-se depois, uma visita ao Monumento dos Combatentes do Ultramar, com deposição de uma coroa de flores e a presença nas instalações da sede da ACUP – Associação de Combatentes do Ultramar Português.
Considerado o grande estratega do 25 de Abril de 1974, corajoso e determinado, Otelo Saraiva de Carvalho ajudou a pôr fim ao regime marcelista. Foi responsável pelo sector operacional da comissão coordenadora do MFA, que dirigiu nesse dia as operações militares. O golpe que intentou em 25 de Novembro de 1975 afastou-o de posições de poder mas, recuperada a imagem, candidatou-se à Presidência da República por duas vezes. Foi preso no caso das FP-25, mas acabou amnistiado em 1996.
Nascido em Lourenço Marques, Moçambique, em 31 de Agosto de 1936, Otelo Saraiva de Carvalho é conhecido como o chefe operacional do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974. Foi determinante para o fim da ditadura, no posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha. O sonho materializava-se. Nunca será esquecido devido à sua coragem e astúcia.
Otelo esteve em Angola de 1961 a 1963 e na Guiné de 1970 a 1973. Na fase final da guerra, foi um dos principais impulsionadores do movimento de contestação ao Decreto-Lei n.º 353/73, que dava a possibilidade aos milicianos do quadro especial de oficiais de ultrapassarem os capitães do quadro permanente nas suas promoções. Isto deu início ao movimento dos capitães e ao movimento das forças armadas (MFA). Foi precisamente como responsável pelo sector operacional da comissão coordenadora do MFA que dirigiu os acontecimentos do 25 de Abril. O desejo de liberdade e o descontentamento em relação à política seguida pelo governo na guerra colonial foram as motivações de Otelo Saraiva de Carvalho.
No tempo actual, Otelo lamenta as “ enormes diferenças de carácter salarial ” que existem na sociedade portuguesa, destacando, “ não poder aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me… Então e os outros ? Aqueles que se levantam às 05:00 para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado e cada vez mais pobres ? ”.
Para este Capitão de Abril, o que mais o desilude é “ questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas ”.
Uma delas, que Otelo considera “ crucial ”, era " a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura. Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista, merecia mais do que quase três milhões de portugueses que já estão a viver em estado de pobreza". Esses milhões, sublinhou, significa que “ não foram alcançados os objectivos do 25 de Abril de 1974 “

GIRP/Carlos Oliveira 

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