Centena e meia de pedestrian istas pelos trilhos da pintura mural
Cerca de 150 caminheiros percorreram no passado domingo, dia 15, os trilhos da pintura mural da Rota do Românico, no concelho de Felgueiras. A beleza artística dos frescos, o património histórico, cultural e paisagístico da região compuseram o cenário.
O Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro marcou o ponto de partida e chegada do percurso. Ao longo de aproximadamente 15 quilómetros, os pedestrianistas foram conduzidos pelos caminhos que levavam às pinturas murais da Igreja de São Martinho de Penacova, da Igreja de São Vicente de Sousa e do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro.
Na Igreja de São Martinho de Penacova o olhar prendeu-se à pintura mural da parede fundeira da capela-mor, que representa o célebre episódio da partilha da capa militar de São Martinho com um pobre. Estes frescos, descobertos recentemente, terão sido encomendados por D. António Melo, abade do Mosteiro de Pombeiro.
Mereceram também realce as representações de sereias, símbolos de tentação muito ligados à iconografia românica, e a cena da perseguição de um homem por um dragão e todos os animais aí representados.
A segunda paragem foi na Igreja de São Vicente de Sousa, onde os frescos da fragmentada pintura mural existente no tardoz do retábulo-mor parecem ser dedicados a São Vicente, apesar da sua difícil interpretação. A fragmentação terá resultado das profundas obras de ampliação da capela-mor que decorreram no século XVIII.
Os caminheiros puderam, ainda, admirar a representação de temas alusivos à vida e ao martírio de São Vicente, presentes no teto em madeira da capela, em caixotões, de estilo maneirista.
O percurso pedestre trouxe-os de volta ao Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro para apreciarem dois temas de pintura mural. No absidíolo do lado da Epístola a pintura mural representa dois discípulos de São Bento, Santo Amaro e São Plácido, e terá sido realizada pelo mestre Arnaus no início do abaciado de D. António Melo (1526-1556).
No absidíolo do lado do Evangelho, a pintura mural, que se encontra em muito mau estado de conservação, deverá representar o Sacrifício de Noé após o Dilúvio ou uma cena de vida de São Brás que, segundo a lenda, foi encontrado na selva no meio de animais selvagens.
Cláudia Costa
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