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domingo, 17 de janeiro de 2010

Morte de praticante de rafting foi a primeira registada e deveu-se a distracção dos tripulantes


Castelo de Paiva, 17 Jan (Lusa) – O acidente de rafting que sábado provocou a morte a um homem de 34 anos, no Rio Paiva, foi o primeiro nos sete anos do Clube do Paiva, e terá ficado a dever-se a uma distracção dos tripulantes quanto às ordens do monitor da actividade.

Rafael Soares, o sócio da empresa que coordena as acções de rafting, lamenta a morte do tripulante que esteve desaparecido entre as 13:30 de sábado e as 10:00 de hoje, e afirma: “Foi uma infelicidade e, como nunca tivemos sequer uma participação para o seguro, estamos agora a aprender a preencher esse tipo de documentos”.

Quanto às razões para o acidente, Rafael Soares explica que esse se deu junto ao açude da Ponte da Bateira, onde “a extracção de água provoca um fenómeno artificial extremamente perigoso” e o controlo do barco foi dificultado por uma distracção da tripulação, que “não ouviu bem as instruções do monitor e remou para a frente em vez de remar para trás”.

“Foi mesmo no fim da actividade”, adianta o responsável da empresa de Castelo de Paiva. “Não conseguimos fazer a acostagem e a tripulação não colaborou com o monitor conforme era esperado, quando ele disse que era preciso remarem todos com força para trás”.

Para Rafael Soares, tratou-se de “uma distracção” decisiva, porque, “numa situação destas, é tudo uma questão de 30 segundos e, como as pessoas compreenderam mal a ordem do monitor, não se conseguiu segurar o barco”.

Um monitor “com experiência de 14 anos” ajudou os tripulantes a chegar a terra, tendo inclusivamente resgatado das águas uma pessoa que já estaria inconsciente, mas que conseguiu reanimar. Nas mesmas operações interveio ainda um outro monitor, com prática de sete anos, enquanto um terceiro ficou com os tripulantes já acostados, “para evitar o pânico”, como Rafael Soares diz que “é procedimento nestas situações”.

O homem que viria a falecer deixou, a certa altura, de ser visto. “Os amigos disseram que ele se safava porque era bom nadador”, conta Rafael Sousa, “mas a partir daí nunca mais o conseguimos encontrar”.

“As pessoas que participaram na actividade estiveram hoje connosco a auxiliar-nos no resgate e são unânimes em reconhecer que foi mesmo um acidente”, garante. “Percebem que não foi por falta de qualquer procedimento de segurança”.

O sócio do Clube do Paiva acrescenta que, antes do início de qualquer actividade de rafting, “há sempre um briefing de 20 minutos em que se explica aos participantes todo o procedimento que têm que ter no rio e as ordens a que têm que obedecer”.

“Depois disso”, continua o mesmo responsável, “verifica-se todo o equipamento - fatos, capacetes, barcos, cordas. Mesmo que o grupo seja pequeno, a actividade nunca é feita só com um barco, para que, em caso de um virar, haja outro que possa prestar apoio”.

O corpo do homem que ontem desapareceu nos rápidos do Rio Paiva foi resgatado hoje, às 10:00, pelos bombeiros de Castelo de Paiva, no âmbito de uma operação que envolveu 43 operacionais, oito viaturas, um barco, um helicóptero e ainda duas embarcações das corporações de Entre-os-Rios e Melros.

O corpo foi encontrado a flutuar na água junto à Quinta de Varziela, na freguesia de Fornos, cerca de um quilómetro abaixo do local onde se deu o acidente.

5 comentários:

  1. Bom dia.
    Infelizmente aconteceu um acidente mortal.

    Nada que não se prevesse depois das obras mal realizadas por parte das Águas Douro e Paiva. Por diversas vezes foram contactadas para arranjarem aquele açude devido aos perigos que representa e que infelizmente acabaram em tragédia...

    As autarquias foram também contactadas para que se arranjassem as zonas de saída dos praticantes (Clientes, empresas e indivíduos ou grupos de amigos) mas como se constatou nada foi feito, não me refiro somente ás autarquias uma vez que a REDE Natura 2000 tem as suas especificidades, assim, só as Águas Douro e Paiva poderiam ter feito tudo em ordem e não aquela aberração que lá está..

    Realço que, apesar de ser de consequências trágicas uma vez que envolve uma vítima mortal, por ano, descem o Rio Paiva cerca de 28000 pessoas, as descidas já se realizam de forma lúdica (empresarial só mais tarde) há cerca de 20 anos ou mais, por isso não há que fazer dramatismos porque morre muito mais gente noutro tipo de acidentes e não é por isso que se deixa de fazer/praticar/conduzir...

    Critico a empresa por ter feito descer clientes inexperientes com as actuais condições.
    Sempre que desci com estas condições era com monitores em "brincadeira" ou então sabia que havia empresas que aproveitavam estas condições para levar os seus monitores para conhecerem o rio, treinarem os resgates e os procedimentos de socorro... NUNCA com pessoas inexperientes... apesar de saber que a empresa em causa tem boas referências.

    Penso que está na hora de:
    INSTITUTO DE NAVEGABILIDADE;
    CM CASTELO DE PAIVA;
    CM CINFÃES;
    ÁGUAS DOURO E PAIVA;
    EMPRESAS CERTIFICADAS.
    Se sentarem a uma mesa e DEFINITIVAMENTE darem as condições de segurança necessárias para que todos possamos descer e divertir no Rio Raiva em segurança.

    Os meus sentimentos aos familiares da vítima.
    O meu abraço de apoio aos intervenientes no acidente.

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  2. após ter enviado o primeiro comentário, envio este com as sugestões e informações que foram transmitidas... atenção que pelo menos desde 2007 o problema tinha sido detectado e discutido...
    passo a transcrever:

    "O açude no Rio Paiva junto à ponte da Bateira vai sofrer uma adaptação para garantir a sua segurança e passagem de embarcações de rafting e canoagem. A empresa Águas do Douro e Paiva dá continuidade ao seu empenho social, visando desta forma um contributo essencial para a segurança da população e desenvolvimento turístico da região envolvente ao Rio Paiva.

    Com esta obra o açude deixará de ser um perigo mortal e intransponível, passando a ser um objecto lúdico e de animação, possibilitando o prolongamento do percurso de Rafting em mais 3 kms."

    o que se passa lá agora pode ser visto no link:
    http://www.youtube.com/watch?v=IPaCXSwjLA4

    as águas douro paiva pura e simplesmente quiseram poupar uns trocos....
    outros casos...
    http://video.google.com/videoplay?docid=-6846124409391034920#

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  3. Resumindo e concluindo: foi o lucro a imprudência e o aventureirismo que ceifaram a vida a uma pessoa.
    À atenção das autoridades competentes !

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  4. INCURIA E IRRESPONSABILIDADE FOI O QUE SE PASSOU
    PRATICAR RAFTING COM ESTE CAUDAL VIOLENTO SÉ MESMO DE MALUCOS E GANANCIA PELO DINHEIRO NUNCA SE VIU TAL

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  5. Penso que houve excesso de confiança por parte dos monitores e da empresa de rafing.

    Por vezes a procura da adrenalina trás destas coisas.


    Espero que este acidente alerte os nossos autarcas e empresas envolvidas directa ou indirectamente, que olhem para os nossos rios (PAIVA e ARDA) com olhos de ver e criem as condições necessárias para que os desfrute com prazer e segurança.

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