LUSA - Menos de dois meses depois da última paralisação, os professores realizam segunda-feira uma nova greve. Os sindicatos esperam uma adesão semelhante à registada em Dezembro e prometem luta até ao Governo ceder na avaliação e na revisão do Estatuto. Relativamente à greve realizada a 03 de Dezembro passado, os sindicatos estimaram uma adesão de 94 por cento, enquanto os números avançados pelo Ministério da Educação são de 66,7 por cento. "O Ministério da Educação vai ter de avaliar se quer ou não ter esta luta dos professores, pelo tempo que for preciso. Nunca vamos deixar cair esta luta e estou convencido de que os professores vão ter força para lutar por isto, seja com este Governo, seja com qualquer outro", afirmou Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma Sindical de Professores, em declarações à Agência Lusa. Governo e sindicatos divergem, desde há meses, sobre o modelo de avaliação de desempenho e o Estatuto da Carreira Docente (ECD), nomeadamente a divisão da profissão em categorias hierarquizadas e a existência de quotas para a atribuição de "Muito Bom" e "Excelente". O também secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) manifestou a expectativa de que a greve de segunda-feira tenha uma adesão "semelhante" à registada no mês passado, garantindo que todos os indicadores "vão nesse sentido". "Esta greve foi marcada por 120 mil professores, a 08 de Novembro. Por outro lado, será um dia de luto, já que se assinalam dois anos sobre a publicação em Diário da República do ECD", acrescentou. Para Mário Nogueira, uma "grande" paralisação na segunda-feira é fundamental para "reforçar" a posição das estruturas sindicais durante a revisão do ECD e, por outro lado, enfraquecer a do Governo. Relativamente a novas formas de luta, os sindicatos reservam o anúncio de novos protestos para depois do arranque das negociações, a 28 de Janeiro. Tudo depende da "atitude" da equipa da ministra Maria de Lurdes Rodrigues durante esse processo, referiu. "Vai depender da forma como as coisas evoluírem durante a revisão do ECD. Os objectivos dos professores são claros, mas se não forem alcançados vamos continuar a lutar, nas mesmas dimensões", promete o dirigente sindical. Lucinda Manuela, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), defende a mesma posição: "O Governo terá de ter uma verdadeira abertura negocial, alterar a sua postura e discutir as propostas que os sindicatos vão apresentar". O braço-de-ferro entre Governo e professores preocupa também os encarregados de educação, que consideram que os seus filhos estão a ser prejudicados pelo clima de "instabilidade" e "perturbação" que se vive nas escolas. O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais apela ao "bom senso" entre as duas partes durante a revisão do ECD, deixando, no entanto, uma crítica às estruturas sindicais. "Limitamo-nos a constatar que o Governo deu mais sinais de abertura do que os sindicatos. O regime simplificado teve por base aquilo que os parceiros achavam que impedia a avaliação", afirmou Albino Almeida. Já Maria José Viseu, da Confederação Nacional e Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), teme, sobretudo, que os alunos venham a ser os principais prejudicados com o clima de "intranquilidade", devido à eventual falta de disponibilidade dos professores. "Todos os procedimentos da avaliação de desempenho vão cair numa altura crucial do ano, no terceiro período. É preciso alertar que determinadas situações podem pôr em causa as aprendizagens dos alunos e o sucesso educativo", referiu a responsável.
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